A liturgia de hoje quer ser um sinal que só pode ser reconhecido e acolhido na pobreza e na humildade da fé. Da profecia de Isaías - “eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel” -, ao cumprimento da mesma profecia, que começa a ser narrado por São Mateus no Evangelho, o próprio Deus opera a salvação, trazendo à obediência da fé todos os povos, para a glória de seu nome e para mostrar que, sem a cooperação do homem, o seu plano salvífico de amor não pode se concretizar sobre a terra.
Na Primeira Leitura, extraída do Livro do Profeta Isaías, o trono de Davi está em perigo. O rei, em lugar de pedir auxílio a Deus, mostra não ter fé, procurando invocando outros deuses e aliando-se aos inimigos de Israel. Deus, no entanto, manda-lhe um sinal que é - ao mesmo tempo - castigo aos infiéis e salvação para os que se mantêm firmes em sua fé no Senhor: eis que uma virgem dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco”.
Em profunda sintonia com a profecia de Isaías, São Mateus, no Evangelho, quer mostrar que Jesus é da linhagem de Davi - segundo a carne e, portanto, que seu nascimento é o início do cumprimento da promessa de salvação feita por Deus - e que, ao mesmo tempo, é Deus, tendo nascido da Virgem Maria pela ação do Espírito Santo. Nesse sentido, o evangelista procura sinalizar que é sempre Deus quem toma a iniciativa para executar seu plano salvífico, mas que cabe ao homem aderir, cooperando para a sua concretização.
Por isso, São Paulo, na Carta aos Romanos, afirma que é por causa de Jesus que somos continuamente chamados a ser discípulos, a fim de trazer à obediência da fé todos os povos, para a glória de seu nome. Somos todos, completa o Apóstolo, amados de Deus e santos por vocação. José, como último dos justos do Antigo Testamento e já como santo da plenitude dos tempos, é assim considerado, não porque foi cegamente fiel às leis, mas porque procurou em todas as coisas fazer a vontade de Deus, que o chamou - assim como particularmente chama a cada um de nós - a colaborar na obra da salvação.
Ao ouvir a mensagem de Deus por meio do anjo, diz o Evangelho, ‘José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa’, como fiel cooperador de Deus no cumprimento de sua promessa. Como São José, também nós, é para a santidade que somos chamados por Deus Pai, que em seu filho quis fazer-se Emanuel, Deus conosco. Quis fazer próximo, não um Deus distante, mas tão próximo que carne da nossa carne. Pobre, humilde, semelhante a nós em tudo, menos no pecado.
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